Por muitos anos, o mascote reinou absoluto na casa até que, um belo dia, você decide que é hora de aumentar a família pets. Adaptar animal mais velho ao mais novo da casa nem sempre é tarefa fácil, mas pode ser feita se respeitado alguns procedimentos, considerando que seu bichinho mais velho já perdeu a vitalidade de antes. Nesse caso, a adaptação a um novo animal no pedaço é ainda mais delicada.
Quando Greg fez 14 anos, Lúcia começou a ficar apreensiva: o animal ainda era o xodó do casal que não conseguia imaginar a rotina da casa sem a presença dele.
“Vamos ficar muito tristes, e a casa vai ficar muito vazia quando o Greg morrer”, justificava ao perguntar a amigos e veterinários sobre a intenção de adquirir um segundo mascote. As respostas sinalizavam que poderia ser interessante adquirir outro pet ainda na gestão de Greg. “Por ele ser macho, me aconselharam a ter uma fêmea”, lembra a dona. A expectativa era de que Greg não apenas gostaria de ter uma colega, mas que também receberia um banho de juventude com a vivacidade dela.
Mas e se tudo desse errado? E se Greg ficasse triste, cabisbaixo ou até doente com a ideia de ter sido substituído por Babi? O que fazer se ele não a aceitasse?
A palavra-chave é bom senso, e tudo vai depender da personalidade de cada animal, além do tempo que os proprietários dispõem para participar da adaptação entre seus mascotes. Aqueles animais extremamente sociáveis costumam aceitar sem grandes problemas, enquanto os reconhecidamente ciumentos e agressivos tendem a demorar mais tempo, exigindo novas regras na casa, como espaços distintos.
Mesmo estando ao lado de Greg por 14 anos, e sabendo se tratar de um animal dócil, a família poderia deparar com seu súbito mau humor fruto do ciúme e da rejeição. Um grande auxílio à adaptação é respeitar a hierarquia e manter as regalias do mascote de mais tempo na casa.
E foi isso que Lúcia fez. Durante três dias, Babi permaneceu em um cercadinho de alumínio recebendo a total indiferença de Greg. Os passeios tinham hora marcada: primeiro um, depois o outro. A cama e o espaço de Greg, o que incluía seus potes de água e comida, também foram mantidos. Para irem à estética, enquanto o mais velho se espalhava pelo banco traseiro do carro, Babi era transportada dentro de uma caixa de transporte. E foi justamente na Pet Shop, 15 dias depois da chegada de Babi, o primeiro lugar onde os cães ficaram frente à frente sem barreira física.
A partir desse encontro, os mascotes começaram a passear juntos e a conviver no mesmo espaço, mas sempre sob supervisão do casal.
“Depois de duas semanas, nossas preocupações começaram a diminuir. A Babi parecia entender que o Greg era o dono da casa”, lembra Eduardo Manenti, agora proprietário de dois animais.
A surpresa ficou por conta da dependência. Hoje Babi só passeia se estiver acompanhada de seu companheiro.
“Ela simplesmente trava quando coloco a coleira nela sem antes colocar no Greg. Ela só desce para passear se ele estiver junto”, comenta Lúcia satisfeita com os resultados de uma decisão tomada oito meses atrás.
Hoje Greg e Babi dormem juntos, trocam de camas e até de comida. Babi é uma amiga dedicada e lambe os bigodes de Greg quando restos de alimentos ficam neles pendurados. De acordo com o casal, ele até ensaia uma brincadeira com ela, mas uma cirurgia de luxação de joelho e seus 14 anos de idade já não permitem maiores desafios.
Dicas para adaptar um segundo mascote para viver com o mais velho:
- Conheça – e muito bem – a personalidade de seu antigo mascote.
- A rotina do animal mais velho deve ser mantida o máximo possível.
- Tente manter a espécie animal. Cães e gatos velhos podem exigir mais tempo de adaptação e menor pode ser a interação entre eles.
- Se possível, faça um teste de adaptação com o mascote de vizinhos ou de amigos antes da chegada definitiva.
- Tenha um plano B se seu animal ficar triste ou doente com a chegada de mais um.
- Quem tem crianças vai enfrentar dificuldades para fazer com que não deixem de lado o antigo mascote pela alegria do mais jovem. É necessário muita conversa e combinações com os filhos para o animal de mais idade não se sentir substituído.
- Respeite a privacidade do mais velho e não force uma situação em que ele já se mostrou refratário, como colocar o novo mascote ao lado da cama dele.
- Tenha momentos sozinho com seu antigo mascote, mas não longos demais a ponto de ele não querer largar seu dono.
- Se você tem uma fêmea, uma fácil – e divertida – maneira de adaptar um segundo mascote é colocá-la para reproduzir e ficar com um filhote.
- Se você não está certo sobre o que pode acontecer com a chegada de um novo integrante, procure um adestrador previamente.
- E se o segundo mascote for animal de rua? Se o novo mascote for de um abrigo, tente saber um pouco mais sobre a personalidade dele antes de levá-lo para casa. Animais que ficaram à própria sorte podem ser mais submissos ou mais agressivos, tendo em vista o que já foi vivido, informações que direcionam a adaptação.
- Em caso de não resistir àqueles olhinhos carentes de um cãozinho magricela e cheio de pulgas encontrado na rua, seria interessante que ele passasse alguns dias internado antes de conhecer o lar definitivo. O veterinário, além de vaciná-lo e verificar a saúde geral do animal, poderá obter mais informações sobre a personalidade do novo mascote que serão importantes para promover a adaptação.