Agora é científico: cães precisam mais dos donos do que gatos. Novidade para você?
No mundo todo, pesquisadores tentam fundamentar aquilo que comumente a gente já ouve por aí: aristocracia felina não é mito. A famosa diferença entre cães e gatos, aquela que diz que estes não se misturam, tem um fundo de razão. E a ciência fundamenta porque cães precisam mais dos donos do que gatos.
Em junho/18, a Universidade de Viena deu sua contribuição. Para a alegria dos “pais” de cachorro, eles precisam, e muito!, deles. De acordo com a pesquisa, cães nutrem por seus tutores um afeto semelhante àquele que crianças pequenas têm por seus pais. O grupo testado (22 animais) levou em conta a presença dos donos com seus cães em um ambiente estranho e com pessoas desconhecidas. Depois de algum período de tempo, o dono deixa seu cão sozinho. O resultado a gente pode imaginar.
Cães precisam mais dos donos do que gatos
Longe de seus donos, a esmagadora maioria dos cães se sentiu pouco à vontade. Da mesma forma, houve até quem se sentiu em perigo. Embora não tenham noção de paternidade, os cães desenvolvem por quem os alimenta e protege uma ligação emocional muito estreita. Por esse motivo, é fonte de muita insegurança para um cachorro ser apartado de seu dono. Isso vale, ainda, para os casos de abandono. Isso porque um cão longe de seu “pai” é um cão perdido no mundo. Embora tenham tidos gatos que se mostraram ansiosos sem a presença de seus donos, seu número foi significamente menor se comparado aos cachorros que entraram em pane.
Em agosto, outra notícia fez muita gente torcer o nariz. Um balde de água fria caiu sobre os “pais” de gatos quando a Universidade de Lincoln buscou comprovar que, diferentemente dos cães, os gatos tendem a não ser tão apegados assim ao “seu humano”. Aliás, criatura de duas pernas que ele, gato, permitiu aproximação. Esse comportamento vem ao encontro da velha teoria de que gatos se afeiçoam mais pelo ambiente (territorialidade) do que por quem o abriga e alimenta. Isso vai ao encontro da domesticação dos gatos que é mais recente se comparado aos cães, e estamos falando de dez mil anos de diferença.
Na pesquisa, os gatos foram submetidos a uma situação e local estranhos com e sem a presença de seus donos. Os bichanos, em sua maioria, seguiram explorando o ambiente sem parecer ter reduzido sua autoconfiança. Os resultados mostram animais mais independentes dos laços afetivos para tomarem decisões e se sentirem seguros. Embora também tenha havido gatos que procuraram exaustivamente por seus tutores.
Gatos sensíveis
Porém, antes que os simpatizantes corram em defesa de seus bichanos – algo como “meu gato é louco por mim!”– saiba que em ambas as pesquisas houve registros de participantes que miaram para valer quando viram seus donos saindo da sala. Isso porque qualquer reação do animal em relação ao afastamento de seu tutor leva em conta outros elementos, como arquétipo mental, a história pregressa e a personalidade de cada indivíduo.
Fraqueza ou ingratidão?
Nem um nem outro. A diferença do comportamento entre caninos e felinos se deve muito à recente domesticação dos gatos. Enquanto o cão já convive com o homem desde antes da Idade da Pedra, o gato começou a aparecer na sociedade no Antigo Egito. E em se tratando de Egito, esse é um tempo que se mostra relativamente curto para o gato se esquecer de que é um felino. Em contrapartida, cachorro pensa que é gente. Uma vez que está há mais de 14 mil anos convivendo com o homem, não é difícil entender a angústia longe dele. Em vista disso, da domesticação, gatos tendem a reverter à vida selvagem com relativa facilidade. Ademais, ainda se vê gatos caçando pássaros e ratos. Esse instinto, contudo, está praticamente esquecido pelo cão que, sem um provedor, acaba morrendo de fome e sentindo implacável insegurança se deixado sozinho em ambiente hostil.
Fotos: Pixabay