A castração, cujo nome oficial é ovario-salpingo-histerectomia, parece uma cirurgia de rotina, um procedimento relativamente simples e sem grandes complicações, mas, em se tratando de fêmeas mamíferas, nem sempre é assim.
Pensando em esterilizar sua mascote? Dá uma lida nos critérios abaixo. Se seu interesse é apenas cuidados após a cirurgia, vá direto ao item Pós-operatório. Antes tem algumas considerações sobre o estabelecimento veterinário que você escolheu, bem como estado fisiológico atual de sua mascote no dia da cirurgia.
Não castre sua mascote em qualquer estabelecimento
Você se lembra da paciente que morreu logo depois de ser operada por um cirurgião plástico? O famigerado Dr. Bumbum médico fez o procedimento no apartamento dele, em São Paulo, situação que desnudou uma série de outras semelhantes, inclusive com óbitos, resultados da irresponsabilidade de outros médicos inconseqüentes. Em se tratando de animais, isso acontece com uma freqüência insuperavelmente maior. Assim como você, também não é bom para a saúde de sua mascote ser operada em um local não reconhecido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária. Da mesma forma, deve a clínica ter os alvarás de saúde e de localização fornecidos pelas Secretaria da Saúde e Prefeitura, respectivamente, instituições que passam a fiscalizar o local que se dispõe a receber animais para a prática de cirurgias.
A higiene, assim como os equipamentos e instrumentais cirúrgicos esterilizados são indispensáveis para que tudo ocorra sem maiores acidentes, contratempos e contaminações. Também se certifique de que o profissional de sua escolha tenha experiência em cirurgia de tecidos moles, o que você consegue por meio de amigos e sites especializados na internet.
Não castre sua mascote no período de cio
Quando a remoção das gônadas é na fêmea, os cuidados já começam antes mesmo da cirurgia. Gata e cadela no cio estão com muito sangue no aparelho reprodutor, o que exige muita cautela e precisão do profissional, uma vez que os vasos sanguíneos que circundam a região uterina e ovariana estão no estado que chamamos de “ingurgitados”, ou seja, cheios de sangue, daí exigirem mais cuidado de quem opera.
Esta é esta uma das razões que justifica não ser interessante castrar sua mascote no período em que ela estiver no cio. Além disso, os tecidos estão maiores, mais largos em função do maior aporte sanguíneo. Há veterinários que preferem operar cadelas nessa fase justamente porque “enxergam” melhor o aparelho reprodutor, mas pergunte isso a ele. Talvez valha a pena esperar mais algumas semanas antes de partir para o procedimento mais invasivo. Particularmente, não gosto de operar nessa fase.
Castrar durante a cesariana
Castra durante a cesariana já me deixa mais à vontade. Se sua mascote está de cesariana marcada, e é de seu interesse esterilizá-la depois disso, talvez seu veterinário proponha remover útero e ovários logo depois da retirada dos filhotes. O bom disso é que são aproveitados anestésicos e manipulação, e assim se fazem dois procedimentos com uma anestesia só, o que acaba saindo mais em conta para o tutor. É uma opção interessante, mas a área a ser removida está muito maior se comparado ao útero não grávido. Assim, a grande perda de tecidos pode ser responsável pelo extravasamento de pequena quantidade de líquido alaranjado pela sutura por um dia ou dois. Pode ser que ocorra, pode ser que não. É um risco, mas nada de grave, maiores os cuidados com a troca de curativo.
Pós-operatório em de cadelas e gatas castradas
Via de regra, depois da castração são necessárias algumas horas de observação no estabelecimento veterinário.
Havendo condições, deixe dois dias na clínica veterinária, menos trabalho para você. Pegue sua mascote do dia seguinte ao do procedimento.
Esse período, dois dias, é o mais importante importante para verificar o aparecimento de secreção ou sangramentos pela sutura, a famosa “zebra”, o que não é comum. No entanto, secreção sanguinolenta é gravíssimo a pontos e ser necessário abrir tudo novamente para descobrir de onde vem a hemorragia.
Após, já na sua casa, cabe a você cuidar desse pós operatório, cuidados que costumam se limitar a:
- limpeza
- acompanhamento da evolução da cicatrização da sutura abdominal
- administração de antiinflamatórios via oral
Se você tem gata, atenção: já vi gatas castradas “sumirem” de casa, ainda mais se são gatas de rua. Às vezes elas se sentem desconfortáveis com malhas ortopédicas, esparadrapos e micropores e acabam passando uns dias no telhado da casa, por exemplo, o que impede todo o pós-operatório. É por isso que recomenda-se deixar gatas fujonas em um lugar da casa onde tenha porta e que esta fique fechada até a completa recuperação que costuma ser sete dias.
Algumas clínicas devolvem a mascote com uma roupinha de malha em toda a extensão do corpo acompanhada de um colar elizabetano, aquela “antena parabólica” no pescoço dela. Pode ser desconfortável mas extremamente importante porque o ato de coçar a cicatriz pode promover sua deiscência, isto é, os pontos podem abrir.
Aliás, deve o tutor ter total ciência da possibilidade de sua mascote lamber a incisão a sutura a ponto de desfazê-la, o que pode ser grave porque além da contaminação, ela pode lamber-se até alcançar uma alça intestinal. Passados 7 dias, porém, os riscos estão extintos.
Quando devo me preocupar?
A sutura abdominal de uma castração em cadelas e gatas costuma estar sempre seca. No entanto, esteja atento a:
- Havendo secreções, ela precisa ser reavaliada.
- A manifestação de dor não é comum, ainda mais se estiver fazendo uso de antiinflamatórios, mas se sua mascote ficar muito tempo sentada ou deitada pode ser indício de que alguma coisa não está indo bem.
- Febre não deve estar presente(como saber se a gata tem febre)
Saiba que se voce realizou a cirurgia em um estabelecimento veterinário higiênico e idôneo, o pós-operatório costuma ser tranquilo porque esses estabelecimentos estão em conformidade com as exigências do Conselho Regional de Medicina Veterinária, além da Secretaria da Saúde.