Para entender um pouco mais sobre a digestão dos cães e gatos, assim como o desenvolvimento de seu mascote, é bom você ler um pouco sobre a fisiologia deles. Quando nós, veterinários, precisamos explicar para o tutor algumas particularidades, sua compreensão faz diferença no manejo do dia-a-dia.
É importante salientar que os alimentos que são benéficos para nós, humanos, podem ser, sim, bom para cachorro, mas nem sempre. Isso porque cães, pessoas, gatos, cavalos, vacas…todos têm suas particularidades no que tange o aparelho digestivo, adaptações de séculos e mais séculos de sobrevivência que não vamos modificar da noite para o dia.
A sua dieta
O cérebro humano pediu (e o intestino se adaptou) a uma alimentação diferenciada. Há quem não coma carne por opção, porém, o cálcio e a proteína, dentre outros elementos, devem vir de algum lugar e em quantidades adequadas para atender às necessidades diárias do indivíduo. Para isso, profissionais estão aí para prescrever uma dieta saudável e rica em nutrientes para quem não come nada de origem animal como carne, ovos ou leite. Mas ainda assim, há momentos em que estamos em cheque-mate: uma gestante não tem escapatória: precisa receber ferro, dentre outros elementos, para garantir um bom desenvolvimento do bebê.
A dieta do seu mascote
Mas cães e gatos, em sua essência, são carnívoros, e o nome por si só já explica muita coisa. Em nenhum momento você vai ver cães e gatos querendo ser, de forma voluntária, vegetarianos. A saciedade vem com a carne. A fome termina com o estômago cheio de proteína animal. Lembre que nem sempre, no mundo natural, os ancestrais dos cães e gatos conseguiam alimento. Sendo assim, tão logo a presa era capturada, era devorada, literalmente, até os ossos. Assim, seu pet recebia cálcio, fósforo, ferro e até algumas verdurinhas que estivessem no estômago do animal ingerido.
Assim, percebe-se que a fonte de energia de nossos mascotes, proteína e gordura, até poucos séculos, atrás provinha da caça, uma presa inteira às vezes devorada até em decomposição. Canídeos que viviam com os homens das cavernas se alimentavam do resto das caças dele. Mais tarde, no período neolítico, começaram também a receber restos de frutas e vegetais. Sendo assim, o estômago do cão se desenvolveu de tal forma que este animal passou a ser omnívoro, isto é, seu sistema digestivo elaborou enzimas que conseguem digerir outros alimentos que não apenas a carne.
Já os gatos, por terem sido domesticados muito depois dos cães, continuaram essencialmente carnívoros. Pode até que alguns gostem de uma frutinha mas não se iluda com sua ingestão. Ela não vai saciar a fome nem ser desdobrada e aproveitada como faz o estômago dos cachorros. Existem alimentos que eles não aproveitam em absolutamente nada. Nenhum gato está adaptado para digerir amido, por exemplo, por mais que você ofereça.
Mascotes vegetarianos passam fome?
Isso não quer dizer que seu cão e gato não deve comer frutas e vegetais. Para tutor que é refratário ao uso exclusivo de ração, uma refeição contendo cenoura, alface e brócolis pode, além de facilitar a digestão, ser fonte de muitos sais minerais. Mas não pense que seu cão vai dormir satisfeito se receber com freqüência esse tipo de preparo.
Uma dieta inadequada às necessidades, e imprópria ao sistema digestivo dos cães e gatos, não sacia a fome. Além disso, faz com que os animais precisem de maior quantidade de alimento abocanhando uma boa porção, o que consequentemente aumenta a produção fecal, distúrbios digestivos e obesidade, podendo favorecer também outras patologias por deficiência de aminoácidos e vitaminas. E um animal com deficiência nutricional não é um animal saudável.
Alergia alimentar em animais, existe?
Sim. Por incrível que pareça – muita frescura para pouco cachorro, dizem os tutores -, existem cães alérgicos a determinados nutrientes. Também tem a turma da intolerância alimentar cujo tratamento consiste justamente em trocar a fonte proteica animal por outra de origem vegetal, como a beterraba. E não pense que é coisa de cachorro fino. Tem muito vira-lata por aí que começa a sessão coça-coça em função da alimentação. E lá vai você comprar ração especial para seu pet.
Saiba, contudo, que as reações industrializadas são muito sérias nesse quesito. Você paga caro mas paga por um bom produto. Tudo é feito de forma balanceada e devidamente supervisionada por especialistas. Esses profissionais seguem critérios para analisar o desenvolvimento dos animais que precisam adotar essa dieta.