Muita gente enfatiza que animais de estimação ajudam a viver mais, mas quais são exatamente os mecanismos que respondem positivamente a esta afirmação?
Guarda e proteção
Na segunda metade do século XX, pesquisadores começaram a explicar o que a humanidade há milênios já vinha praticando. Ter um cão como auxílio à guarda do patrimônio já era uma prática reconhecida na Antiguidade, utilidade número 1 dos cães também na Idade Média, período em que atingiram um importância impossível de mesurar em nossos dias pois a eles se devia a segurança das ovelhas, o alimento que mantinha vivo todo um povoado.
Essa característica, proteção e guarda, justificou sua permanência junto aos humanos. Isso mesmo sob a sombra corrosiva da Inquisição. Naquele tempo, cães eram considerados satânicos e adoradores do demônio, estranha correlação que tem explicação. Animais errantes, muitos adoeciam e transmitiam doenças para as pessoas. Em um período de pouco esclarecimento, aquilo era interpretado como sendo uma chaga enviada por Satanás. Aí danou-se. Pobre do cão. E há quem tenha sido queimado junto com seus cães, por ter tido o bom coração de acolhê-los.
Ironicamente, em nosso dias, é ele, o coração, quem mais se beneficia do convívio canino. Antes dos porteiros eletrônicos e das cercas elétricas, era dele a tarefa de auxiliar na guarda do patrimônio. Uma noite mais tranquila faz bem ao coração cujas coronárias já não suportam grandes tensões.
Menos estresse e ansiedade
É da Universidade da Pensilvânia o estudo que se replicou pelos Estados Unidos que levou em conta a presença de um cão como auxílio à manutenção do lar e bem-estar da família. Quem tem um cão de guarda tende a perder menos o sono durante a noite e menos vezes acorda sobressaltado com ruídos estranhos nas imediações de sua residência. Logo, a presença de um guardião noturno torna o passar das horas algo menos opressivo.
Por que ter animais de estimação ajuda a viver mais? Cientificamente falando, não é o cão um criatura com poderes mágicos, uma fonte milagrosa que se derrama sobre seus donos. O que explicaria a interferência do animal no desenvolvimento de doenças cardíacas é sua capacidade de reduzir o estresse crônico e a ansiedade. Esses fatos, sim, com forte potencial destruidor sobre a saúde dos humanos.
Sendo assim, reduzir a ansiedade durante a noite e permitir, dessa forma, o merecido descanso também teria um efeito positivo sobre aqueles que sofrem de doenças trazidas com o estresse prolongado. Exemplo disso são portadores de eczema, hipertensão, úlcera, dor de cabeça e até impotência.
Fatores sociais e psicológicos também foram considerados no estudo, além do hábito de fumar e de ingerir bebidas alcóolicas. Porém, há um consenso de que uma vez atenuada a causa do estresse crônico, tanto melhor para o paciente.
Cientificamente falando, animais de estimação ajudam a viver mais
Embora tenham efeitos direto sobre o estresse de seus donos, não são apenas os cães de guarda os benfeitores da saúde cardíaca dos humanos. De acordo com a pesquisadora, Dra Erika Friedmann, ter um pet fez diferença nos pacientes cardíacos, trabalho publicado também no The Waltham Book of Human-Animal Interaction: Benefits and Responsibilities em 2013. Esse estudo considerou o tempo de sobrevida de dois grupos de pacientes, um com e outro sem pet em casa, após um ano da data de hospitalização devido a problemas nas coronárias. O resultado mostra que 5,7% dos 53 proprietários que eram donos de pets não sobreviveram dentre desse período, contra 28,8% dos 39 pacientes sem pets que tiveram o mesmo destino.
O que pode se concluir sobre os estudos é que a pessoa que gosta de animais e com eles compartilha do dia a dia tende a ser um indivíduo mais social, isso quer dizer mais propenso a compartilhar da vida com amigos, conversar e sorrir, o que ajuda a reduzir o estresse, hábito que reflete um estilo de vida mais saudável e com menor nível de tensão, o que seguramente contribui para a longevidade, bênção que também pode contar com o olhar e ouvidos atentos de um animal de estimação.