Cachorro sente quando morre o dono ou o outro cachorro de longos anos de convívio. Luto de cachorro não existe, podem dizer alguns, mas não é verdade. Sempre falamos da falta que faz quando os animais de estimação morrem, mas pouco se comenta o que acontece com os mascotes depois que seus donos se vão. O que dizer do sofrimento dos cachorros? E o que fazer para amenizar a tristeza quando cachorro perde o dono ou o companheiro de muitos anos?
Mas cachorros são cachorros e eles logo esquecem, certo?
Errado. Por vezes, o abismo que se instala no cachorro, em especial aquele que é muito apegado ao seu dono, seja por rotina ou laços de afetuosidade, é o responsável por uma depressão de dimensões consideráveis que, sendo o cão um animal idoso ou adoecido, pode até mesmo levá-lo à morte.
Luto animal: cachorro sente quando morre o dono
Por compartilhar de nossa vida há muitos séculos, cães também passaram a ter de lidar com alguma emoções. Perder aquele que o protege e alimenta, a pessoa com quem tem um rotina estabelecida, é um processo doloroso. Até onde conseguem compreender, foram deixados para trás e seu sofrimento, sua angústia, é real. Por conta disso, cachorro sente, tanto que alguns sucumbem à dor e adoecem de verdade, uma vez que perdem o apetite e tudo o mais que o cerca passa perder o sentido.
Cachorro sente quando morre o outro cachorro
E não precisa morrer apenas o tutor. Animais criados juntos também sentem a ausência do companheiro que se foi. Quem dividiu o leito com outro cachorro durante anos pode sentir-se só se tinha uma vida muito apegada a este outro animal. Mas via de regra, a dor mais ainda recai sobre a separação envolvendo o tutor.
Essas mudanças comportamentais advindas com a perda, contudo, podem ser leves, mas se tornam preocupantes na medida em que se estendem por um longo período de tempo. Se assim for, o animal cai em depressão e tratamento pode ser necessário, o que pode incluir medicina floral.
Como saber se o cachorro está deprimido
Abaixo estão descritos alguns dos eventos que ocorrem em um cachorro que perde seu dono ou companheiro:
- Perda de apetite;
- Atitude desanimada;
- Desinteresse geral inclusive por suas brincadeiras e comida favoritas.
- Animal sem rumo, calado ou,
- ao contrário, latindo pela casa em busca do tutor desaparecido;
- Surgimento de algumas neuroses como dormir ao lado da porta ou da garagem de casa.
Além disso, não esqueça que pode o cachorro estar sobrecarregado em suas emoções tendo de trabalhar a tristeza dos demais integrantes da família, gente que, assim como ele, também está sofrendo com a falta do indivíduo e a extinção dos antigos rituais.
Em caso de doença ou morte iminente, vale a pena levar o cachorro para se despedir do tutor ou companheiro?
Não, de maneira nenhuma. Nada adianta levar o cachorro ao hospital ou fazê-lo acompanhar os últimos dias de vida de um tutor em estado terminal ou que se encontra em uma situação tal que se quer reconhece seu cachorro. Isso pode ser ainda mais insuportável do que parece. Cachorro sente quando morre o dono ou o outro cachorro, mas o conceito de morte, de ter sido involuntária a separação, isso o animal nada entende. Assim, é inútil expô-lo a uma situação extremamente estressante que é ver seu tutor deitado sem interagir com ele. O mesmo vale para seu companheiro. Não permita ao seu mascote viver um martírio desses que para ele é como se fosse desprezado.
Gatos sofrem menos do que cachorros?
Em tese, sim, mas só em tese. Felinos domésticos conseguem se conectar aos seus tutores tanto quanto cães. Na verdade, podem estar ligados até mais intimamente do que cães, uma vez que, por serem menores e mais silenciosos, costumam compartilhar do leito e da alimentação com o dono. O tutor de um gato não raro é idoso e aposentado. Logo, tem muito tempo para mimar e usufruir da doce companhia do bichano. De qualquer maneira, tanto cão quanto gato sentem: onde é que meu dono foi parar? Essa ruptura de rotina dos animais, aliado ao súbito desaparecimento do seu tutor ou companheiro, é uma provação muito dolorosa, um momento terrível para eles.
O que pode ser feito?
Já ouviu falar em teoria do abraço? Pois então, abraço, abraço, abraço…muitos abraços é o remédio caseiro que deve-se abusar sem parcimônia. A lacuna deve ser preenchida, nem que seja de forma parcial, mas já é um começo de recuperação. Havendo mais pessoas na casa, eleja aquela com quem ele também nutria certa afinidade quando ainda tinha seu tutor ou companheiro para dar prosseguimento àquilo que ele mais gostava de fazer. Pode ser ver televisão na poltrona espaçosa, passear, brincar de bolinha. O que vale é reconstituir a rotina.
Mantenha uma rotina agradável
No início ele pode não querer, mas com o tempo a tendência é o cachorro praticar alguma de suas antigas atividades e isso inclui comer sua comida favorita. É, o estômago também ajuda nessa fase ruim. Como ele não entende palavras e não pode por meio delas receber consolo, o jeito é desfocar sua mágoa, manter sua mente ocupada com atividades que estão ligadas à sua essência primitiva, que é saciar e fome e tendo momentos de prazer. A teoria do “Pão e Circo” aqui funciona bem.
Distração, mude o foco do sofrimento
Para quem tem essa alternativa – passeios -, saiba ainda que levá-lo para fora do circuito também é interessante. Novos odores, novos caminhos e locais para serem explorados e farejados trazem situações inusitadas que podem despertar seu interesse. Assim, perde-se o foco de ficar o tempo todo esperando na janela em que momento volta para casa seu querido tutor.
Mas isso vale para cachorro saudável e jovem. Não invente de exigir demais de um animal idoso.
Pode-se levar para casa um novo companheiro para alegrar quem ficou?
Sim, mas muito cuidado com essa decisão. Seu cão pode ser idoso e um novo companheiro, seguramente mais jovem, vai levá-lo para uma rotina que talvez não seja interessante. Mas o contrário também pode acontecer, e, nesse caso, outro amigo possa trazer entretenimento. No que se refere aos humanos da casa, isso, trazer outro animal, deve ser decidido de forma democrática. Isso vai da análise da dinâmica familiar porque pode funcionar. Para algumas famílias, outro mascote pode ser motivo de satisfação, uma nova rotina que passa a se instalar na casa, alguém para afugentar sentimentos de desolação. Mas atenção que pode também ser um desastre. Ficar comparado o antigo com o novo e esperar que ele seja igualar primeiro é perda de tempo e acentua o sofrimento de todos.
Respeite o sofrimento do cachorro que perde o dono ou o outro cachorro
Por fim, saiba que com ou sem novo companheiro, é fundamental que o período de luto seja respeitado. Permita ao seu pet – e aos demais membros da família – sentir a falta, ficar emburrado, ver como é chato estar sem aquele que desapareceu. Por que se for trazido para casa de imediato outro mascote, o cão pode confundir os sentimentos, esperar se a antiga rotina se instala com um passe de mágica e assim refugar a presença de quem ele considera um verdadeiro intruso.