Sim, gato sente quando morre o dono ou o outro gato. Sempre se fala na falta que faz o gato quando ele morre. Mas se engana quem diz que luto é algo estritamente dos seres humanos. E o que dizer do bichano quando se sente solitário, quando morre o dono dele? Sobre esse sofrimento, pouco se comenta. Afinal, gatos são gatos e podem em seguida arrumar outro tutor, certo?
Errado. Por vezes, o abismo que se instala no gato apegado ao seu dono – seja por rotina ou laços de afetuosidade – é fonte de uma depressão que, sendo o gato idoso ou adoecido, pode até mesmo levá-lo à morte.
Abaixo estão descritos alguns dos eventos que ocorrem em um gato que perde seu dono ou companheiro:
Como saber se o gato sente quando morre o dono ou o outro gato
- Atitude desanimada;
- Desinteresse geral inclusive por suas brincadeiras e comida favoritas.
- Animal sem rumo, calado ou, ao contrário, miando pela casa em busca do tutor desaparecido.
Além disso, está o felino tendo de trabalhar a tristeza dos demais integrantes da família que, assim como ele, também estão sofrendo com a falta do indivíduo e a extinção dos antigos rituais.
O luto: entenda o que o gato está sentindo
Por compartilhar de nossa vida há muitos séculos, gatos também passaram a ter de lidar com alguma emoções. Diante da perda daquele que o protege e alimenta, a pessoa com quem tem um rotina estabelecida – e às vezes por mais de uma década -, perder esse indivíduo de uma hora para a outra é um processo por demais doloroso. Até onde conseguem compreender, gatos entendem que foram deixados para trás. Logo, seu sofrimento, sua angústia, é real. Tanto que alguns animais sucumbem à dor e adoecem de verdade, uma vez que perdem o apetite e tudo o mais que o cerca passa a perder o sentido.
Animais são criaturas sescientes, ou seja, têm capacidade de sentir sensações e sentimentos. Ainda mais gatos. Os felinos têm percepções do que acontece e do que os rodeia. Embora não tenham consciência da morte, sentem profundamente a ausência de seus companheiros pois trata-se de um animal sociável e que, em sua essência, vive em grupo. Logo, tem sentimentos em relação a quem divide a vida com ele.
E não precisa morrer apenas o tutor. Animais criados juntos também sentem a ausência do companheiro que se foi. Essas mudanças comportamentais, contudo, podem ser leves, e se tornam preocupantes na medida em que se estendem por um longo período de tempo. Se assim for, o animal está em depressão e tratamento pode ser necessário, o que inclui medicina floral.
Em caso de doença ou morte iminente, vale a pena levar o gato para se despedir do tutor ou companheiro?
Não. De nada adianta levá-lo ao hospital ou fazê-lo acompanhar os últimos dias de vida de um tutor em estado terminal. O mesmo vale para outro animal que coabita a moradia. Gato sente quando morre o dono ou o outro gato, mas de vida e morte, ele nada entende. Assim, é inútil expô-lo a uma situação extremamente estressante que é ver seu tutor deitado sem interagir com ele. O mesmo vale para seu companheiro. Não permita seu mascote viver um martírio desses.
Gatos sofrem menos do que cachorros?
Em tese, sim, mas só em tese. Felinos domésticos conseguem se conectar aos seus tutores tanto quanto cães. Na verdade, podem estar ligados até mais intimamente do que cães, uma vez que, por serem menores e mais silenciosos, costumam compartilhar do leito e da alimentação com o dono. O tutor de um gato não raro é idoso e aposentado. Logo, tem muito tempo para mimar e usufruir da doce companhia do bichano. E agora vejam só: onde ele foi parar? Onde está o velhinho bondoso? Essa ruptura de rotina do gato, aliado ao súbito desaparecimento do seu tutor, é uma provação muito dolorosa, um momento terrível para ele.
O que fazer quando o gato perde o dono ou companheiro?
Já ouviu falar em teoria do abraço? Pois então, abraço, abraço, abraço…muitos abraços é o remédio caseiro que deve-se abusar sem parcimônia. A lacuna deve ser preenchida nem que seja de forma parcial, mas já é um começo de recuperação do luto do gato. Havendo mais pessoas na casa, eleja aquela com quem ele também nutria certa afinidade quando ainda tinha seu tutor ou companheiro para dar prosseguimento àquilo que ele mais gostava de fazer. Pode ser ver televisão na poltrona espaçosa, passear, brincar de bolinha.
No início, ele pode não querer, mas com o tempo a tendência é praticar alguma de suas antigas atividades e isso inclui comer sua comida favorita. É, o estômago também ajuda nessa fase ruim. Como ele não entende palavras e não pode por meio delas receber consolo, o jeito é desfocar sua mágoa, manter sua mente ocupada com atividades que estão ligadas à sua essência primitiva, que é saciar e fome e ter momentos de prazer e isso pode incluir um novo parceiro.
Para quem tem essa alternativa, saiba ainda que levá-lo para fora do circuito também é interessante. Novos odores e situações inusitadas podem despertar seu interesse que não apenas saber onde está o seu tutor.
Pode-se trazer para casa um novo companheiro?
Sim, mas muito cuidado com essa decisão. Seu gato pode ser idoso e um novo companheiro, seguramente mais jovem, vai levá-lo para uma rotina que talvez não seja mais interessante. Mas o contrário também pode acontecer e talvez outro amigo possa trazer entretenimento. No que se refere aos humanos da casa, isso, trazer outro animal, deve ser decidido de forma democrática. Se isso vai ser bom ou ruim vai da análise da dinâmica familiar. Pode funcionar, como pode ser um desastre. Por, há muitos relatos de outro mascote ter sido motivo de satisfação, uma nova rotina que se instalou na casa.
Por fim, é fundamental que o período de luto seja respeitado. Permita ao seu pet – e aos demais membros da família – sentir a falta, ficar emburrado, ver como é chato estar sem aquele que desapareceu. Por que se for trazido para casa de imediato outro mascote, o gato pode confundir os sentimentos e refugar a presença de quem ele considera um verdadeiro intruso.