Por mais que pareça asqueroso, “meu gato comeu um rato”, algo impensável, aconteceu. Mesmo bem alimentado e sem nunca ter feito uma coisas dessas, alguns tutores se surpreendem negativamente ao encontrar um rato abatido dentro de casa…por seu gato.
A resposta está em seus antepassados. Diferentemente dos cães, que foram domesticados há cerca de 14 mil anos atrás, os gatos, cujo convívio com humanos é mais recente, tende à reverter à vida selvagem com relativa facilidade. Isso explica porque gatos abandonados têm uma chance de sobrevida maior se comparado aos cães pois eles ainda têm muito viva a lembrança da caça, a mesma que preservou a vida de seus ancestrais. Então não é de se surpreender que o bichano que você beija e abraça um dia resolva atacar um rato, ou ainda, devorá-lo, fato que ocorre com maior freqüência com gatos de rua porque os de raça, por gerações debaixo do teto dos humanos, já mantém essa característica em níveis menos aguçados.
Instinto explicado, a caça e o consequente consumo da carne da presa pode abrir uma brecha na saúde de seu gato. Se você o flagrou com um rato na boca, ou metade dele, segue abaixo algumas importantes considerações que não podem ser negligenciadas.
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Raiva
A pior de todas as consequências é que seu gato tenha tido contado com um animal portador do vírus da raiva. Isso, calma não é comum, a zoonose costuma vir de animais silvestres, como gambás e morcegos, bichos infectados cuja saliva entra em contato com outro mamíferos e estatisticamente não é um camundonguinho de jardim o hospedeiro que vai complicar sua vida. Ma fique atento e solicite auxílio do médico-veterinário.
Toxoplasma
Esse já não é tão raro quanto a raiva mas também não é comum. A questão é que é exatamente dessa forma, ingerindo carne de caça contaminada, que os gatos adquirem a famosa doença. No caso de mulheres gestantes, a saber, pode comprometer a viabilidade do feto. A doença, contudo, pode passar desapercebida pelos tutores como uma indisposição passageira do gato, se este estiver com o sistema imune fortalecido. Caso contrário, ele adoece mesmo e produz cistos do parasita que, via fezes, contamina o ambiente. Os danos do toxoplasma no organismo do gato pode ser distúrbios oftálmicos. Da mesma forma, febre, sinais de doenças respiratórias, como tosse e pneumonia, falta de apetite e diarreia também são observados. Às vezes, em casos mais graves, observam-se sinais neurológicos.
Verminose
Esse, sim, é bastante provável. Endoparasitas que vivem no intestino do rato podem ser imediatamente transferidos para o organismo do predador. Assim, ele também passa a contaminar o ambiente por meio de suas fezes. Entendeu agora porque é interessante castrar gatos de rua? Tudo vale para manter o gato mais tempo na segurança de sua casa e evitar que seja vetor de parasitas que podem acometer seres humanos.
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Envenenamento
Essa possibilidade também inspira cuidados. Embora as chances sejam remotas, o fato de um roedor ter sido capturado pode ser porque ele não estava de posse de sua consciência. Isso ocorre pela ingestão de veneno, quando então passa a se tornar presa fácil do caçador. Se o organismo do rato estava contaminado, seu gato pode sofrer envenenamento secundário. Logo, os sinais clínicos dependem da dose ingerida pelo rato. Sendo assim, os sinais podem variar de diarreia a distúrbios neurológicos tais quais àqueles apresentados pela presa desavisada. Esteja atento, então, se está havendo um surto na região. Da mesma forma, certififque-se de que seus vizinhos estão fazendo uso de rodenticidas.
Leptospirose
Apesar de não ser muito comum, a leptospirose também deve ser pesquisada pois trata-se de uma zoonose grave que afeta o sistema urinário. Ela é transmitida por meio do contato da urina contaminada. Às vezes isso se dá pelo contato com o caçador no momento do ataque.
Procure orientação profissional
Cabe lembrar que a vacinação dos gatos confere certa proteção à Raiva e à Leptospirose. Essas informações você deve transmitir ao profissional de sua confiança. Mas se encontrou um rato na boca do gato, procure auxílio especializado por quem está a par do perigo a que foi exposto seu bichano.
Fotos: pixabay