“Minha mãe não gosta de animais” é uma frase comum e pode ser uma grande frustração para crianças. Mas o que fazer quando a mãe não gosta de mascotes? Por outro lado, imagine, para efeitos de comparação, o quanto pode ser penoso para uma mulher que não gosta de praia ter de ficar sentada na frente do mar para cuidar dos filhos? E a aversão pela praia não é capricho. Para algumas, areia no meio dos dedos dos pés causam brotoejas; para outras, bastam cinco minutos no sol para o nariz começa a coçar. Ombros e costas, então, nem se fala. O vermelhão, mesmo com filtro solar, faz a coceira se estender por semanas.
Veja também: Seu cachorro gosta mesmo de crianças?
Cuidados com brincadeiras: crianças e cães precisam de supervisão
O desconforto do coça-coça é motivo mais do que suficiente para fazê-la correr em busca de uma sombra. A questão é não pode: a mulher que precisa cuidar dos filhos. E assim não tem escolha a não ser assistir a alegria dos filhos deitando e rolando na areia, a mesma para a qual nutre rejeição.
Coisas de mães
Pois é, mãe tem disso. Há quem goste, mas há quem deteste a praia, mas quando uma mulher tem filhos, gostando ou não ela nunca mais se livra dela.
E eles, filhos, pessoas para as quais fazem grandes sacrifícios, não entendem. Como minha mãe não gosta de animais? Essa coisa fofa e peluda que nos lambe?
Mas antes de iniciar o verão, eis que chega o mês de outubro, o mês do agouro para as mulheres que já estão escutando o “compra, manhêêê!!” desde setembro. Sim, o mascote. O Natal já passou, aniversário também. Agora a mulher fica sabendo que a avó vai dar o “dito” cachorro.
Uma mãe refratária ao mar ficar enterrada na areia da praia em nome dos filhos ainda vá lá. Porém, exigir que uma mulher sem a menor afinidade com animais fique o ano inteiro em função disso pode ser pedir demais. E demais mesmo. Com os compromissos ao longo do ano, as chances dessa mãe dispensar o mascote meses depois de sua chegada não são pequenas.
E agora? ainda vale a pena a insistência?
Às vezes, sim. Existem mulheres que não podiam nem falar em ter um animal no colo mas que hoje dormem agarradas nele. “Me apaixonei pelo bichinho”, vão dizer. Contudo, não espere que todas terão essa súbita crise de paixonite por pets. Pior que nunca ter tido mascote é ter de doá-lo pela mais absoluta falta de comprometimento da mãe. E ela não pode ser 100% culpada do episódio se já era conhecida da família sua fraca disposição.
Entendendo melhor a mulher que não gosta de mar? Não é por mal nem por querer. É da personalidade, do metabolismo, dos hormônios, vai saber? Uma mãe pode até se esforçar por um mês ou dois em função da alegria dos filhos. Mas esticar essa concessão pelo resto do ano nem sempre dá certo.
Deve-se ter em mente que, embora pedindo e prometendo que vão assumir as responsabilidades acerca do animal, crianças frequentemente acabam desistindo de cuidar deles, ainda mais depois de passada a novidade e iniciado o ano escolar. Aí quem vai cuidar do mascote? Pois é, ela mesma, pessoa que tem uma avalanche de outros compromissos e passa o mascote a ser mais um, e um cheio de cuidados, só isso, nada de emoção, o que acaba comprometendo a alegria do bichinho, este, sim, 100% inocente nessa história.
Vínculos afetivos: esse é o ponto
Certamente, convencer uma mãe que não gosta de animais a assumir um mascote é meio caminho andado para o fracasso. Sendo assim, é melhor permitir ao animal ter sua tenra infância no seio de uma família mais voltada à presença dele. Pois é nesse precioso período da infância canina onde se criam laços de afinidade e comprometimento. Logo, é triste criar vínculos com um pet filhote e depois passá-lo adiante. Cabe lembrar que quem recebe um pet adulto perdeu de ter com ele essa interação inicial. Aliás, este é um dos motivos que famílias adotantes acabam não se adaptando ao animal. Por isso que vemos tantos pets pular de casa em casa quando não ficam com a família original justamente por não ter tempo de construir essa relação com ninguém.
Leia ainda: Pense antes de presentear seu filho com um pet
Então, mães de plantão, é com muito pesar que peço para mostrarem esse post aos seus filhos, crianças que precisam entender que é melhor ficar mais um tempo curtindo o cusco na casa da tia, mascote que, assim, de repente, pode passar uma semana nas férias de julho na sua casa, semaninha de sacrifício que não vai tirar nenhum pedaço. Cachorro, afinal, não é um bicho de sete cabeças nem o terror dos sete mares, esse gigante cheio de água que me abocanha já no final da primavera e só no outono pra me largar….