O famigerado verme dos cachorros da enchente não é isso que você está pensando. O Dioctophyma renale não fica no intestino dos cães como costumam ser conhecidos os vermes nos animais. Ele até passa pelo intestino, mas migra pelo corpo e se vai para o rim do cachorro, em especial o direito por ficar mais perto do aparelho digestivo.
Mas que verme do rim é esse?
Primeiramente, saiba que o Dioctophyma renale é um parasita que acomete cães e existe faz muito tempo. Ele geralmente é um achado de necrópsia, ou seja, é encontrado acidentalmente durante a necrópsia de um cachorro e não necessariamente foi o responsável pela morte dele. Além disso, o verme dos cachorros da enchente costuma parasitar apenas um rim, deixando o outro intacto e funcionante. Por conta disso, ninguém percebe que o animal está com um dos rins comprometido, até porque para o quadro de insuficiência renal se manifestar, é necessário estar a função comprometida em 75%.
O verme do rim do cachorro passa de um para o outro?
O Dioctophyma não passa de um cachorro para o outro, nem do cachorro para a pessoa. Não estamos diante de um parasita vetor de zoonoses. Uma vez no corpo do cão, os ovos do parasita são eliminados na urina, e, para haver desenvolvimento, é necessário esse ovo ser ingerido por um anelídeo aquático – uma espécie de minhoca – encontrado em rios de água doce. O anelídeo, da espécie Lumbriculus variegatus, parasita as brânquias de crustáceos e peixes. Peixe de água doce e rã acabam agindo como hospedeiro de transporte. O ciclo se completa quando o cão ingere esse anelídeo, o que explica a ingestão de carne crua de peixe ser a fonte de infecção mais comum.
O que se faz quando o Dioctophyma é detectado no cachorro?
Quando diagnosticado, se indica a extração do rim afetado, pois com o passar dos anos ele perderá sua função.
Tem como acabar com esse parasita?
Não existe um anti-helmíntico eficaz para combater o Dioctphyma renale. O melhor a fazer é trabalhar com a prevenção. O ciclo só se completa após a ingestão de peixes e rãs infectados, e esse consumo só ocorre em cães que vivem em populações ribeirinhas. Cães de áreas urbanas que se alimentam com ração não tem como se infectar com este parasita mesmo havendo um portador em casa.