Complicações no parto em cadelas podem levá-las a morte. Durante o tempo em que transcorre o parto, mais de uma vez o tutor se vê perdido em um mundo desconhecido. Sendo assim, ele não sabe se está diante de problemas de parto ou da fisiologia de um parto natural. Embora seja difícil explicar para um leigo o que pode ser fonte de preocupação, considerada-se como parto distócico aquele que é difícil. Da mesma forma, a incapacidade (fetal ou materna) de expelir o conteúdo uterino através do canal do parto é preocupante e precisam de acompanhamento, o que é fundamental para a saúde da cadela e de seus filhotes.
A seguir uma lista do que pode dar errado no parto de sua mascote, mas talvez seja interessante você ler um pouco sobre o parto normal de sua mascote.
Complicações no parto em cadelas
Parto precoce
Embora o período gestacional médio seja contado a partir do primeiro acasalamento, muitas cadelas podem ter seus filhotes antes dos 60 dias. A partir de 56 dias (data da primeira cobertura) em alguns casos os filhotes já estão prontos para nascer, embora possa um que outro ter sinais evidentes de prematuridade e morrer por conta disso. Antes desse prazo é considerado aborto e os fetos não sobrevivem. Investigue o histórico familiar dessa mascote sobre problemas de parto, o que inclui partos precoces. O mesmo deve ser feito com a família do macho.
Parto atrasado
Qualquer gestação que exceda 67 dias a partir da data do primeiro acasalamento é considerada anormal. Contudo, a incapacidade de precisar o momento exato da ovulação pode estar interferindo em um falso diagnóstico de gestação tardia. Se sua mascote e os filhotes estão bem, tanto quanto possa se avaliar através de exames clínicos, não existe mal evidente em aguardar pelo parto normal. A presença de fetos mortos também deve ser considerada como responsável pelo atraso no parto.
Algumas medicações, hipotireoidismo e involução retardada do corpo lúteo, também justifica o atraso. Da mesma forma, obesidade pode causar fadiga precoce. Idade avançada (mais de sete anos), falta de cálcio e hipoglicemia são outros fatores que precisam ser investigados. Se os filhotes estiverem com o que chamamos de sofrimento fetal, avaliado por ultrassom, sua cadela terá de ser submetida a uma cesariana.
Inabilidade materna
Muitas cadelas, em especial aquelas com menos de dois anos de idade e muito apegada a seus donos, talvez não sigam seus instintos. Sendo assim, elas não terão capacidade de auxiliar o filhote a sobreviver. Alguns nascem envolvidos pela placenta, membrana que precisa ser rasgada. Os filhotes podem fazer isso com as unhas e o movimento de cabeça, mas se não estimulados pela mãe podem morrer asfixiados. O melhor é o tutor fazer o papel de mãe e preferencialmente diante de sua mascote. Ao ver o tutor esfregando os filhotes, pode ser que ela se encoraje.
Imobilidade do filhote
Filhotes que nascem parados e não se movimentam podem caracterizar o que chamamos de natimorto. Às vezes a morte ocorre dias antes do parto. Sendo esse o caso, é possível perceber que o feto é menor e menos desenvolvido que os irmão. Isso se percebe na boca, unhas e pontas das orelhas. Problema é que o filhote que não se movimenta e conta com a inércia materna corre risco de morte pois precisa ser estimulado a respirar. Não tenha medo de esfregá-lo com uma fralda de tecido limpa. Friccione a pele das costas e a cabeça do filhote, incluindo boca e nariz. Na fisiologia de um parto normal, a fêmea revira o filhote e o lambe constantemente. Esse movimento o incomoda e acaba estimulando seus sentidos.
Comportamento materno inadequado
Algumas fêmeas podem apresentar um comportamento atípico durante o parto. Às vezes elas até correm e se escondem, uma forma de fugir do que está acontecendo em seu corpo. Da mesma forma, agridem aqueles que tentam ajudar ou até mesmo devoram os filhotes. Essas mascotes precisam de supervisão durante todo o parto. Sendo assim, provavelmente deverão ser afastadas de seus filhotes até que seja atenuada sua ansiedade. A normalidade, assim que restabelecida, deixará os filhotes fora do perigo de serem vítimas da mãe.
Tempo transcorrido desde os primórdios do parto
Outro problema é que muitos tutores não sabem exatamente quando o parto teve início. Acordam pela manhã ou chegam do trabalho e se deparam com a cadela ofegante e fazendo o ninho. Há quanto tempo ela está assim? Uma hora, oito? Não espere mais do que cinco horas se a flagra nesse cenário. Ela pode estar sofrendo de tetania puerperal (eclâmpsia) ou ter um filhote muito grande trancando o canal do parto. A falta de contração também deve ser considerada em cadelas que sofrem de desnutrição ou hipocalcemia.
E importante: fraturas antigas de bacia são potentes causadores de parto distócico em cadelas por impedir o afastamento dos osso.
Não havendo certeza se o comportamento materno teve início à meia-noite ou às seis da manhã, recomenda-se não esperar até além das cinco da tarde para procurar auxílio veterinário. Mesmo que seja apenas para ficar em observação por profissionais de sua confiança, melhor estar acompanhada do que só. Cabe lembrar que é melhor um atendimento à luz do dia e no horário comercial do que submeter sua mascote ofegante à peregrinação noturna em clínicas veterinárias com plantão 24 horas.
Parto prolongado
Em comportamento, o parto prolongado provoca na cadela um quadro assemelhaste àquele de tempo transcorrido desde os primórdios do parto. A diferença é que aqui um ou mais filhotes já nasceram. Depois disso, horas se passaram sem novos nascimentos. Dentre as causas mais prováveis para explicar esse atraso (cinco horas é o prazo máximo de espera para aumentarem as chances de um final feliz) é um feto morto. Aquele de dimensões gigantescas que tranca nos ossos da bacia é outro problema.
Saiba que raças barquiocefálicas (buldogs) sofrem muito com isso. Esgotamento materno pelo número de filhotes (8 a 13) e falta de alguns nutrientes também podem estar interferindo no processo. Mas atenção: algumas cadelas, na verdade, já expulsaram todos os filhotes. Sendo assim, o quadro ofegante pode ser eclâmpsia, que também precisa de auxílio médico para ser revertida.
Tempo de expulsão entre os filhotes
O mais importante antes de saber o tempo do parto entre irmãos é quantos fetos aproximadamente estão sendo esperados no parto. Essa informação você obtém por meio de exames de imagem dias antes do parto. É importante saber para que você não perca tempo esperando por um filhote que não vai nascer porque na verdade ele não existe.
O período que leva a expulsão de um filhote após o outro é uma incógnita variável difícil de mesurar. O melhor a fazer é verificar os sinais da parturiente e deixar tudo anotado para caso de ficar mais evidente a necessidade de intervenção. Já vi feto ser expulso segundos depois do irmão e também quase um dia depois dele. Pode-se dizer que um tempo razoável é de até duas horas, mas se passar disso não entre em pânico. Nem pense em administrar por conta própria nenhuma medicação para acelerar o parto. Isso porque o risco de promover descolamento placentário, morte e retenção fetal é muito grande. Pode acontecer que depois de uma contração muito grande venha dois filhotes, um de cada corno uterino, quase que simultaneamente.
Um parto prolongado pode ser o inicio de um outro quadro que exige cuidados especiais, o do parto distócico.
Feto retido no canal do parto
Nesse caso, não há muito o que fazer em casa e sua cadela precisará de intervenção imediata, além de acompanhamento pós-parto para não sucumbir em função de infecções que uma manipulação destas requer. Um filhote que se insinua pela vagina e dela não sai pode morrer e também comprometer a saúde de sua mãe. O certo é que se ele não for removido, os que ainda se encontram no útero materno morrerão em questão de horas.
Algumas vezes é possível auxiliar o filhote retido e puxá-lo com as mãos; outras vezes, porém, forçar sua saída apenas intensifica as lesões no canal vaginal sem nada resolver, ainda mais se é a anatomia da bacia da mãe o foco da distocia. Se você é da área médica e sente-se seguro para tentar auxiliar sua mascote, clique aqui. Mas ainda assim recomenda-se a assistência presencial de um veterinário qualificado para uma possível cesariana de emergência.
Últimas considerações
- Saiba que uma diminuição da atividade e do apetite podem aparecer durante todo esse período que é o parto.
- A temperatura retal geralmente diminui meio grau, mas por estar entre 37.7 e 38.7 sem maior alarde. Além disso, as mamas começam a ceder ao peso do colostro que já se acumula e os tecido vaginais estão distendidos. Essa elasticidade, contudo, é necessária para não lacerar os tecidos no momento da expulsão.
- Algo que preocupa os tutores mas se mostra normal nessa fase é a polidipsia, ou seja, a quantidade de água exagerada que sua cadela toma durante o trabalho de parto.
Boa noite.minha cadela teve o ultimo filhote com 48 horas fiquei muito preocupada pois ela estava bem fraca.e não quer saber muito dos outros 6 filhote.
Oi, Jessiane. Só tive acesso agora à tua pergunta. Deu tudo certo com os filhotes afinal? Ela aceitou a prole?